Wellington Virgolino
O pernambucano Wellington Virgolino (Recife, 1929 — Recife, 1988) foi escultor, gravador, desenhista mas foi como pintor que se destacou, tornando-se reconhecido nacional e internacionalmente. Embora batizado Virgulino (com “u”), assinava suas telas como Wellington ou W. Virgolino (com “o”)
Família e Ambiente
[editar | editar código-fonte]O pernambucano Wellington Virgulino de Souza[1], filho de Gervázio Virgulino de Souza e de Carmoniza Andrade de Souza. Em 1955, casou com Marinete Alves de Souza. Morou nos bairros de Monsenhor Fabrício e Hipódromo. Por dez anos (1949-1959), foi funcionário da Mala Real Inglesa, localizada na rua do Bom Jesus. Sem dúvida, a convivência com as personagens do lugar, o levou a realizar trabalhos inspirados em temas sociais, além de registrar sua passagem pela boemia. Mais tarde, deixou seu emprego na Mala Real Inglesa e dedicou-se à sua arte.
Desenvolvimento Artístico
[editar | editar código-fonte]Desde muito pequeno despertou para as artes plásticas, desenhando caricaturas dos professores e colegas de seus irmãos. Morou no bairro da Boa Vista, na Rua Velha, por mais de 20 anos e estudou o até o primeiro ano científico no Ginásio Pernambucano. Autodidata, conheceu e tornou-se amigo de Vicente do Rego Monteiro, Virgolino o considerava seu primeiro orientador, por aprecia-lo e aconselha-lo em seu desenvolvimento artístico. Fez amizade com vários outros artistas também iniciantes: Ionaldo Cavalcanti, Beatriz Alvez Melo Calábria e Darel Valença. Começou a desenhar histórias em quadrinhos e as vendia para garantir a entrada no Cinema Politheama ou no Ideal. Nesses cinemas, eram exibidos os seriados: O Aranha Negra, Flash Gordon, Jim das Selvas, O Fantasma Voador, personagens que ele retravara em seus quadrinhos.
Com a colaboração de Redomak Viana, criou histórias que foram publicadas no Jornal Pequeno, Recife, entre 1946 e 1947. Após reportagem publicada no referido jornal em 1948, Virgulino passou a colaborar nesse periódico, junto com o primo Yvonildo de Souza, com charges e desenhos sobre a vida mundana do Recife. Simultaneamente, Wellington trabalhou no escritório de Tabosa de Almeida, advogado e um dos incentivadores do pintor.
Autodidata e observador voraz do cotidiano, Welington Virgolino ficou conhecido pela pintura de dimensões estilizadas, apresentando certas deformações nos corpos das figuras humanas e dos elementos que compunham a tela. Auto denominado de "modernista/figurativo", retratava gente do povo, operários de construção e as expressões do sentimento de cada personagem. Mostrando as frustrações e os sofrimentos da vida precária do trabalhador brasileiro, eternizado em personagens como "Os calceteiros", "Calungas de Caminhão" e "Operários". Assim como não deixou de registrar as invenções e reinvenções da infância, ainda com ênfase em seus questionamentos sociais, através de suas crianças.
Fase de Ouro
[editar | editar código-fonte]A década de 1950, é considerada como início de sua fase de ouro. Nele, Virgolino conheceu Abelardo da Hora que, em parceria com Hélio Feijó, planejou e fundou a Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR). De Abelardo recebeu aulas de ‘pose rápida’ no Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco. Depois, nasceu a idéia de criar o Atelier Coletivo que, graças a união e determinação de alguns artistas, foi instalado em casa alugada na rua da Soledade, nº 57, bairro da Boa Vista, Recife. No Atelier, aprimorou sua técnica de pintura e utilização de materiais artísticos orientado, eventualmente, por pintores que vinham de fora – Mário Cravo e Carybé, da Bahia; Danúbio Villanil, do Rio Grande do Sul – e os daqui – Francisco Brennand, Reynaldo e Lula Cardoso Ayres.
O grupo que fazia parte do Atelier fundou o Clube da Gravura.[2] O Clube tinha sócios que contribuíam mensalmente e recebiam uma gravura. Isso ajudou a manter o Atelier Coletivo que funcionou primeiramente na rua da Soledade, depois nas ruas Velha, 231, e da Matriz, 117, todas no bairro da Boa Vista. Em 1957, O Atelier Coletivo e o Clube da Gravura do Recife lançaram o álbum Gravuras, composto de 10 xilogravuras em madeira e gesso de autoria de Wellington Virgolino, Corbiniano Lins e Wilton de Souza. Depois, o grupo começou a dispersar e, aos poucos, cada um montou seu ateliê. O Ateliêr Coletivo contava com figuras ilustres das artes pernambucanas como: Abelardo da Hora, Gilvan Samico (1928), Ionaldo Cavalcanti (1933 - 2002), José Cláudio (1932), Marius Lauritzen Bern, e o Clube de Gravura do Recife[3] em 1952.
Em 1969 realizou sua primeira exposição individual, ocorrida na Galeria do Teatro do Parque, em Recife[4]. Participou de inúmeras mostras coletivas, dentre as quais destacam-se: VI e VII Bienal Internacional de São Paulo (1961 e 1963); I Bienal Nacional de Artes Plásticas (Salvador, 1966) Oficina Pernambucana, no Museu de Arte Contemporânea da USP (São Paulo, 1967); Arte/Brasil/Hoje: 50 Anos Depois, na Galeria Collectio (São Paulo, 1972); 7ª Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, na Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas (São Paulo, 1985).
Wellington mantinha com seu irmão Wilton de Souza um ateliê na residência de seus pais. Além das exposições citadas, de 1954 a 1987, Virgolino participou de exposições em várias cidades do Brasil: Recife, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Brasília) e também no Exterior: Europa, Ásia, América do Sul. Foi agraciado com prêmios e condecorações, teve seu trabalho comentado e analisado por escritores, poetas e críticos de arte, foi membro de diversas comissões julgadoras de obras de arte e ilustrou livros. Em 1995, o Conselho Municipal de Cultura, Recife, o homenageou com o troféu Construtores da Cultura (in memoriam). Após sua morte, obras suas integram a mostra "Os Clubes de Gravura do Brasil", na Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo, 1994).
Irmão, Cofundador do Ateliê Coletivo
[editar | editar código-fonte]Wilton de Souza[5], seu irmão, é pintor, gravador, escultor, tapeceiro, cenógrafo e cronista de arte. É cofundador do Ateliê Coletivo, atuou como presidente da Sociedade de Arte Moderna em 1964, além dessas atividades, lançou álbuns de desenhos sobre frevo, maracatu e criou a Galeria Itinerário em 1979. Dirigiu a Galeria Metropolitana de Arte Aloísio Magalhães de 1981 a 1987 e atua como diretor do Museu Murilo Lagreca e foi vice-presidente da Escolinha de Arte do Recife em 1987. É membro da Academia de Artes e Letras no Recife e da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro.
Referências
- ↑ AYALA, Walmir (1980). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. v.4: Q a Z. Brasília: MEC / INL
- ↑ SOUZA, Wilton de (2009). Virgolino, o cangaceiro das flores. Recife: Grupo Paés
- ↑ «O Nordeste.com – Enciclopédia Nordeste - Wellington Virgolino». www.onordeste.com. Consultado em 2 de junho de 2016
- ↑ Biografia Virgolino, Wellington (1929 - 1988) Enciclopédia Itaú Cultural (Artes Visuais) - acessado em 5 de dezembro de 2011
- ↑ «Wilton de Souza - Enciclopédia Itaú Cultural». enciclopedia.itaucultural.org.br. Consultado em 2 de junho de 2016